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Ancestralidade como aliado dentro e fora das competições.

Se é válido ou não, o que estamos presenciando é uma geração de atletas cada vez mais expressando sua ancestralidade como um amuleto que os movem.


Imagem: Haka Maori brasil247.com

Semanas atrás fui tomada de uma grande surpresa nas redes sociais ao ver o campeão prodígio de Jiu-Jítsu, o amazonense Micael Galvão, 19 fazendo uma entrada honrosa acompanhado de indígenas da tribo Fulni- Ô. Apesar das controvérsias políticas do campeão nas últimas eleições, esse não é o foco em questão do artigo, até porque isso requer todo um cenário de letramento político e social que a maioria dos nossos jovens atletas, oriundos de periferias principalmente, em sua estrutura educacional, de base, não tem, por tanto, ressalto este não é o foco do artigo.


A entrada apoteótica do Micael no último BBJ Star 10 Battlefield me fez lembrar da última conversa que tive em reunião com outros colunistas do Afro Esporte sobre a direção, rumo, que minha coluna poderia tomar em uma página exclusivamente para esporte. Ora, a coluna PARALELAS é justo pra trazer a discursão e por que não, reflexão acerca do que os atletas podem se nutrir para além daquilo que já é pré-disposto a se ter um bom rendimento/resultado em uma determinada competição. O que foi presenciado na entrada de Micael Galvão com o grupo indígena é um convite a toda comunidade esportiva desse país a revisitar nossas origens e por quê nós existimos no esporte.


Na Grécia Antiga, os jogos Olímpicos surgiram (776 a.C) associados a religião e em homenagem a seus deuses como Zeus. Em África, antes da chegada do colonizador, as práticas esportivas eram relacionadas as rituais tribais onde se competiam entre si, não doravante que ainda nos dias atuais o continente Africano é um dos mais competitivos no esporte em modalidades do mundo inteiro sobretudo em Golf, Futebol, Rugby e Atletismo.


Na atualidade podemos conferir algo semelhante a entrada de Micael Galvão nos campeonatos de Rugby quando a seleção da Nova Zelândia enfrenta seu oponente dançando o que eles chamam Haka. Esses homens, fortes e musculosos não querem somente inibir seu oponente com sua forma física, mas também ao bater os pés e mãos nos braços e pernas, fazendo caretas e cantado em sua língua original Maori, eles pedem bênçãos, licença aos seus ancestrais e demonstram a força e união da equipe. E vamos combinar que a coreografia é extremamente linda, não tem como não se sentir acuado diante de tanta beleza ao sagrado.


Nunca foi sorte, sempre foi Exu!

Imagem: Pinterest


Muitos de nossos atletas brasileiros dentro e fora do campo cada vez mais tem demonstrando suas origens através de gestos em comemoração de uma vitória ou antes de apresentações esportivas, como forma de reverenciar o que te movem por dentro a seguir com o esporte. “Nunca foi sorte, sempre foi Exu”, segundo a religião de matriz africana, o Candomblé, não se inicia nada na vida sem a orientação de Exu, orixá dos caminhos e foi com essa frase que Paulinho, jogador de futebol ao ser convocado para a seleção nas Olimpíadas de Tóquio agradeceu ao chamado reverenciando esse grande Orixá.


E ele não parou por ai, foi por causa de um gesto de Paulinho ao fazer o primeiro gol contra a seleção da Alemanha nessa mesma Olímpiadas que quem não conhecia passou a conhecer Oxossi, outro orixá que é representado com um arco e flecha, gesto ao qual Paulinho reproduziu em campo.


Essa demonstração de fé, causou muitas manifestações contrárias nas redes sociais, infelizmente caracterizadas como racismo religioso, ainda que seja uma das religiões mais antigas praticadas no país, ainda há esse tipo de reação por parte do público, sobretudo do futebol, por não se interessar em conhecer aquilo, que talvez, para muitos, ainda é desconhecido.


Eu poderia me estender nesse artigo buscando inúmeras referências de atletas que estão ligados ao sagrado, as terapias, ao seu eu superior e não somente o campo físico, mas tenho plena convicção que PARALELAS será sempre o ponta pé inicial da fonte da curiosidade, pois felizmente ou infelizmente, ainda não sei, a internet cumpre seu papel para pessoas entusiastas a pesquisadoras, como eu, buscar e conhecer aquilo que ainda permanece no campo da imaginação ou somente mera continuação daquilo que me atiça a conhecer.


Se é genuíno, puro, verdadeiro ou não o que podemos observar é que esses jovens atletas cada vez mais estão se expressando culturalmente e mostrando que acreditam em algo que os movem e não somente deve estar interligado ao campo físico, treinos exaustivos, dietas e afins, mas sim, algo que possa nutrir suas almas, que possam ajudar na saúde mental e alimentar, sobretudo, uma atitude positiva diante seus adversários seja na derrota ou na vitória, mas uma atitude positiva na vida.


**Este é um conteúdo da Afro Esporte, porém o texto acima não reflete necessariamente a opinião da Afro Esporte

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